#07 A arte cura?
O poder do fazer na melhora da saúde mental, o cuidado com falsas promessas, o que me motiva e recomendações bacanas pra quem curte colocar mão na massa!
Desde que me conheço por gente, gosto de colocar a mão na massa.
Quando cursei psicologia, nunca imaginei que um dia teria um atelier, e que amaria tanto criar.
Quando fiz aprimoramento em saúde mental, no saudoso CAPS Itapeva, já desenhava com alguns pacientes.
Me lembro até hoje: Um dia, andando pelo casarão que abrigava pessoas portadoras de perturbações psíquicas, alguns pacientes estavam muito agitados. Reuni uns 4, levei-os à biblioteca, e começamos a desenhar. Todos ficaram muito mais tranquilos, conversando sobre amenidades, desenhando.
O pessoal por lá dizia que eu não era psicóloga, e sim terapeuta ocupacional, pois estava sempre fazendo algo manual com eles, ou artista. Mal sabíamos nós…
Tudo isso já faz mais de 20 anos, e é tão atual, conversa tanto com o que vivo hoje!
Desde que comecei a dar aulas de artes em meu atelier, na R. Delfina, na Vila Madalena, percebi que o foco não era só fazer algo, na maioria das vezes, e que isto se tornava até secundário em alguns casos. Meus alunos buscavam algo que lhes desse prazer, que lhes fizesse bem.
Me lembro até hoje de uma aluna que pintou 2 telas muito significativas, e que terminou o curso dizendo que eu deveria pensar em usar a psicologia junto com a arte, pois as aulas tinham lhe ajudado em algumas questões bem difíceis.
Naquela época, 15 anos atrás, isso era meio óbvio para mim, saber que a arte fazia bem.
Porém, nem me passava pela cabeça unir as coisas, ou falar sobre isso. Era como se já estivesse subentendido.
Com o passar dos anos, comecei a perceber que a psicóloga que existe em mim nunca havia saído daqui, e que eu tinha que explorar este aspecto, falar sobre ele, ou seja, realmente unir a arte e a psicologia.
O mais interessante aqui é uma frase que sempre uso, que parece clichê, mas não é. Com toda esta troca, eu ensino, mas aprendo muito. Eu ajudo, de alguma forma, mas também sou ajudada. Acho que esta é a verdadeira troca, aquela que acrescenta, que dá sentido à vida.
Minhas aulas e alunas não são iguais, nem parecidas.
Tem uma turma aqui onde a gente faz arte, fala besteira, mas também fala muito sobre a gente, e forma uma corrente de apoio e bem estar. Elas dizem: Esta aula é uma terapia!
Tem alunas que gostam de fazer aula particular, pois se sentem mais à vontade para criar e falar.
Tem alunas que ora estão com mais colegas, ora sozinhas, então as dinâmicas mudam.
Em todos os casos, vejo como o processo é terapêutico. Mesmo que não falemos sobre isso, e que nem estejamos lá para isto.
Me pego pensando: Será que, por ser psicóloga, atraio e direciono as aulas neste sentido?
Corta pra pandemia e para a loucura que começou em março de 2020: todos trancafiados em casa, surtando, inclusive eu.
Na semana seguinte ao lockdown, inventei de fazer a Jornada do Artesanato na Quarentena, em meu canal no YouTube. Confere aqui. Foi tão, mas tão lindo e especial! Meu coração fica quentinho quando me lembro de nossas conversas e trocas, todas as tardes!
Até hoje recebo mensagens e pessoas no atelier que me agradecem por estas lives. O que posso dizer? Agradecer por estarmos juntos em um momento tão complicado, sem saber se tudo passaria, sem poder sair, onde a arte nos uniu.
A cada dia, eu inventava uma arte fácil, com coisas que todos tinham em casa, e a gente se divertia. Também falávamos sobre a pandemia, mas o foco era a arte.
Depois disso, a chave Vero Psicóloga realmente virou dentro de mim.
A arte tem um papel muito importante na nossa saúde mental sim. Ela nos coloca no agora, sem passado, sem futuro. A concentração que ela exige é o que muitos chamam de mindfulness, ou seja, atenção plena.
Além disso, ao fazer algo, a pessoa se sente capaz, o que proporciona uma melhora na auto estima.
Para mim é a arte, para você pode ser cozinhar, escrever. O que importa é que seja uma atividade que prenda sua atenção e te dê prazer.
Porém, na pandemia, muitas pessoas começaram a vender cursos e “terapias” alternativas online, usando a frase “a arte cura”. Recebo anúncios com esta frase até hoje.
Eu concordo em partes. A arte faz parte da cura, mas aliada a outros fatores.
Se a pessoa tem depressão, crise de ansiedade, pânico, acredito que a arte possa ser uma grande e importante aliada na cura, mas que deva estar ligada a outros fatores, como medicação, terapia, exercícios físicos, que são muito importantes, e alimentação.
Muito deve ser observado, e cada pessoa funciona de uma maneira.
O que posso afirmar, depois de dar aulas de artes para milhares de alunos presenciais e online, é que a arte proporciona equilíbrio, melhora da saúde mental, da auto estima.
O que você pensa sobre este assunto?
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Quando falo de arte, estou falando também do faça você mesmo, ou seja, de colocar a mão na massa! Neste ponto, gostaria de contar um pouco sobre mim, e sobre o que me motiva e me anima!
Eu acho que tenho hiperatividade, e gosto muito de escolher algo para fazer, que seja útil e me mantenha focada, que faça minha cabeça parar de pensar em mil coisas ao mesmo tempo agora.
Descobri que, cuidando da minha casa, fico muito mais leve, focada e feliz. Por isso pinto paredes, faço uns pisos de vez em quando, e até descasquei uma parede e deixei no tijolinho (veja aqui)! Outro dia, passei uma semana pintando a sacada. Agora, quero refazer o rejunte de uma pequena área de serviço. Estou sempre cuidando, mexendo, e assim me animo, economizo e faço algo de bom, que me faz bem.
A arte e o DIY (faça você mesmo) fazem parte de mim, e me fazem feliz! Nestas andanças pela internet, conheci várias outras pessoas que são parecidas comigo neste sentido, e hoje vou indicar algumas aqui.
Minha querida amiga Erika Karpuk, ser humano maravilhoso, que sempre está mudando as casas por onde passa, e que criou o termo Decoração Subversiva, onde a intenção é decorar sem trocar tudo, sem quebrar tudo, sem poluir mais o planeta. O insta dela é mara! Veja aqui.
A talentosa Eva Mota, marceneira e designer de interiores de mão cheia, que vive criando e ensinando às mulheres sua marcenaria! Confere aqui.
Meu querido amigo Tiago, que faz mosaico com cascas de ovos e vive aprontando em sua casa e seu sítio! Confere aqui o trabalho dele! Ele largou o trabalho fixo e está vivento de seu artesanato, com mosaico e alguns móveis de pallets que faz.
A Nane da Casinha da Nane (veja aqui), que vive inventando em sua casa.
Nem sei contar quantas mensagens recebo, com artes feitas por pessoas que me seguem no insta (vem ver tudo aqui) e no YouTube.
Elas relatam como a vida melhorou, como se sentem bem fazendo artes, e isso é o que me move!!!
Você tem esta relação com a arte, ou com alguma outra atividade? Me conta!!!
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Bora compartilhar este artigo? Agradeço muito!!! Nossa relação aqui é bem mais estreita, e eu amo muito tudo isso!!!
Um beijo e até a semana que vem!
Vero Kraemer ♥
Eu também acho que a arte cura, fui para esse mundo de artesanato depois que sai da CLT para cuidar do meu filho recém nascido, o artesanato me ajuda a manter minha mente mais tranquila.