#06 A ansiedade nossa de cada dia
Como a ansiedade me trouxe até aqui, e quando fui que me lembrei dela pela última vez.
Estava pensando em um tema interessante pra esta semana carnavalesca, e logo me veio a vontade de falar sobre a ansiedade, um tema comum para muitas pessoas, talvez também para você.
Sempre fui uma guria muito agitada. Quando criança, minha mãe me colocava no cercadinho e me dava revistinhas, as quais eu ficava picando, para me distrair.
Felizmente, minha infância não foi na época dos celulares e tablets.
Na escola, eu era bem CDF, e acabava as tarefas passadas por alguns professores muito rápido. Enquanto outros alunos continuavam fazendo, eu e uma amiga ligeirinha começávamos a conversar e agitar a todos. Meus pais foram chamados algumas vezes para conversar com o orientador, porque eu tinha que parar de ser assim.
Alguns professores gostavam do meu jeito, e outros queriam me ver bem longe.
Acredito que hoje em dia, na maioria das escolas, existam diferentes propostas para as pessoas, pois nem todo mundo é igual. Se isso ainda não existe, é uma sugestão tá? rs
Quando eu era adolescente, não conseguia parar quieta, e talvez por isso também tenha começado a fumar, aos 16 anos. Fumar dá uma desbaratinada na ansiedade, ou pelo menos aparenta dar…
Pule a cena para meus 30 e poucos anos. Um dia, indo ao bar de amigos, na R. Delfina, na Vila Madalena, ao passar pela praça (eu ia à pé, era do lado de casa), meu coração simplesmente disparou.
Eu não sabia se ia desmaiar, se estava tendo um ataque cardíaco, só sei que cheguei ao bar. Um amigo, Abel, me viu chegando toda desengonçada, branca feito uma folha de papel, e logo se levantou para eu sentar. Aí falei do meu coração, ele mediu minha pulsação e disse: Você tem que procurar um médico. E eu respondi: Não, eu tenho que parar de beber.
Eu nem bebia muito, mas era época de baladas, eu era xóvem, amava uma cerveja, um cigarrinho e uma conversa fora.
Depois de muito tempo, eu aprendi que a bebida e o cigarro agravam muito o quadro de ansiedade.
Porém, na época que tive a primeira crise, eu simplesmente fingi que não tive. Fiquei com vergonha, confesso. Fiquei me achando inferior, incapaz, tudo de ruím que alguém pode ser.
Ninguém falava sobre isso, era algo muito velado, e não seria eu que iria começar, né?
Também tive uma baita crise quando terminei um namoro, e também fingi que era ressaca.
Porém, há 9 anos quase exatos, eu tive uma crise fulminante de ansiedade, que me fez ir parar no hospital.
Mais um relacionamento terminado, e desta vez de uma forma tosca. Como a vaca já estava indo para o brejo há uns 2 meses, volta e meia eu sentia a mão formigar, o coração palpitar, mas fingia que não era nada.
Um dia, fiquei tão mal, que um casal de amigos passou em frente de casa, e eu falei que não estava bem. Minha amiga me levou para o P.S., e eu já entrei na sala da médica dizendo: Doutora, estou tendo crise de ansiedade.
Ela disse: Você sabe o que tem que fazer: Procurar ajuda!
Eu não conseguia mais dar aulas no atelier, não conseguia ficar sentada, não conseguia mais ir na academia, e tinha vontade de chorar o tempo todo.
Mesmo assim, nem me passou pela cabeça procurar um psicólogo ou psiquiatra. Eu fui atrás de uma astróloga que era minha amiga.
Como é difícil a gente aceitar quando tem uma questão grave a tratar.
Resumindo muito, a astróloga dizia que, se eu fosse procurar terapia ou tomar remédio, ela não iria mais me atender, pois ela não concordava com isso. Eu estava no período mais frágil de minha vida.
Se falassem pra eu beber xixi de cavalo, que seria curada, eu beberia. Foi assim que demorei mais de 2 meses me tratando com florais, e achando que psiquiatra era coisa de “doido”. Isso porque eu sou psicóloga hein?
As crises foram se agravando, e eu comecei a ter pequenos episódios de pânico. Um dia, tive que descer do ônibus, pois achei que iria explodir. Eu estava indo fazer acupuntura com minha tia, pois isso me ajudava muito.
Como a tristeza e sensação de impotência aumentavam, comecei a rezar e pedir à Nossa Senhora que me “indicasse” alguém que realmente pudesse me ajudar.
Em um dia, lembrei de uma das pessoas mais importantes de minha vida, o psicólogo Miguel, que me atendera 20 anos antes, e que prontamente começou a me atender novamente.
Na primeira sessão, acho que ele ficou impactado comigo. Magra, abatida, não conseguia sentar, e chorava. Ele me indicou uma psiquiatra, e logo comecei meu tratamento com terapia e medicação.
Acredito que o que agravou minha situação, que realmente provocou minhas crises, foi o fato de terminar um relacionamento sem entender nada, e ter parado de fumar.
Tudo isso aconteceu há 9 anos, e hoje sou grata por ter acontecido. Eu não olhava para mim, e com as crises fui obrigada a me olhar, me acolher, cuidar de mim.
Hoje posso falar sobre isso com naturalidade, sem vergonha. Pelo contrário, tenho orgulho da pessoa que me tornei!
Por isso aconselho que todos façam terapia, que busquem ajuda profissional se estiverem passando por um momento difícil. Que não tenham vergonha de falar e se expor.
Foi tudo isso que me trouxe até aqui e que me transformou no que sou hoje! E ainda tem tanta vida pra viver, tantas coisas pra lapidar! Isso é mágico e é a vida!
Foi isso que me fez agora poder olhar para trás e ver a linda colcha de retalhos que fiz, o lindo mosaico que terminei, a linda tela que pintei!
Foi tudo isso que fez agora me ver como a psicóloga que sou, e que futuramente se formará em arteterapia!
Resolvi escrever sobre a ansiedade porque minha história pode acrescentar à sua, ou à de alguém que você conhece!
Tudo isso foi despertado e relembrado quando vivi a maravilhosa experiência Diálogo no Escuro (confere aqui e vá mesmo).
Eu falo sobre a ansiedade e o Diálogo no Escuro hoje, no
. Confere e me conta o que achou!Me fala aqui o que este texto te despertou!
Se tiver sugestões para outros artigos, deixa aqui também seu comentário. É só clicar no botão abaixo.
Espero que tenha gostado! Se veio por alguma indicação, já assina esta newsletter do amor♥! Clica no botão abaixo e deixa seu melhor e-mail. É gratuita!
Me ajuda a compartilhar? Agradeço muito!
Beijos e até a próxima
Vero Kraemer ♥
Já passei por um período bem difícil por conta da ansiedade tb, Vero. E foi justamente a terapia+psiquiatra+espiritualidade que me socorreram. Acabou se abrindo para mim um caminho de auto conhecimento que faço questão de trilhar com afinco, me dedico mesmo. Também aprendi a falar das minhas dores. Importante demais! Abraços
A primeira vez que procurei uma psicóloga foi para atender meu filho, que estava com crise de ansiedade após perdermos meu marido, mas, na realidade, quem realmente estava precisando de ajuda era eu. É muito comum entrarmos em negação e, é justamente nesse momento, que o olhar do profissional nos alcança e nos ajuda a nos livrarmos da dor e encarar a realidade de forma menos doída. Gratidão por compartilhar!